quinta-feira, 29 de abril de 2010


“_... Hei você mesmo. Onde deixo esse pacote?
  _ O senhor pode deixar próximo aos outros da mesma cor, obrigado!”

A trouxe de volta ao lar, não como desejava infelizmente, ela acabou me obrigando a ser o que na atualidade adoro ser mais até então no devido momento detestava me mostrar.
Era uma noite de lua cheia de outono, o frio conduzia meus instintos até seu encalço. Cada metro que me aproximava sabia exatamente o que sentia por dentro, ansiedade, medo, fome... A constante sensação de que em um único vacilo meu poderia me despedaçar com um único olhar (adorava seu olhar, penetrava em cada vaso sanguíneo e como se acariciasse a cada hemácia cada célula que neles percorria.
Finalmente me aproximo de seu corpo gélido e macio... Logo se entrega sem relutar a primeiro momento, porém quando afrouxo um pouco a corda de suas mãos seu instinto logo se faz diante de mim. Olhos vermelhos de ira e fome, unhas afiadas e presas cativantes e mortais se mostram para seu algoz (eu).
Em fração de segundos eu não perco meu pescoço, não me torno vitima da mais encantadora serva das sombras.
As ordens foram claras: “A traga pra mim, viva ou morta!”. Mais... que sentimento estranho vindo de dentro de mim é esse? Estaria eu me encantando com o olhar da minha presa? Faria eu algo incerto para ser capaz de tanta afronta com meu interior?
Mais ela é linda ou pelo menos se fazia de tal forma, encantadora e desejável dentre da sua espécie.
A seguro com veemência e rispidez a fazendo se acalmar ou pelo menos foi a primeira impressão que tive. Colocando-a na carruagem, sinto como se seu coração gélido pulsasse como nunca com velocidade incrível como um animal acuado e temeroso de seu destino.
Os primeiros quilômetros foram tranqüilos, talvez tranqüilos até de mais... 
 Paramos para descansar após quase 4 horas de jornada. Os cavalos soltos para descansar e beber água no lago adiante afrouxei um pouco as cordas de suas mãos e levei minha tina d’água para que molhasse um pouco a garganta.
Não resisti ao seu olhar e a tomei nos braços me sucumbi em seus lábios sua língua penetrando minha boca, sufocando e me incendiando de prazer a cada segundo que mudava de direção diante da minha ou muita das vezes sobre a minha.
Rasgando suas vestes me delicio de seus seios, seu corpo nu e lindo diante de mim... Logo me vi dentro de seu corpo, a penetrava com violência e ao mesmo tempo sentia ser sucumbido pelo seu sexo. Juntos chegamos ao nosso êxtase, envolto na nevoa erótica que criamos logo me vi apaixonado pelo ser que deveria capturar e levar ao meu superior.
Indignos pensamentos tomam conta de meu ser até que sou atacado ferozmente por ela.

Suas presas penetram minha jugular, (felizmente), e faz sangrar tudo que passei a sentir por ela. A dor insuportável me faz tomar a mais horrível das minhas decisões...
Num golpe de velocidade e sorte desembainho minha espada (espada esta que já sentira o gosto de muitos inimigos, mortais e místicos, santos e demônios), agora sente o gosto de tudo que mais amei em toda a minha vida.
Tomando um fôlego desço ainda nu da carruagem já não existe mais frio ou dor... Só o sofrimento do ato que acabará de tomar.
Me ajoelho diante de sua cabeça sem vida, minhas lagrimas se encontram facilmente com o sangue que ainda teimava em sair dos dois buracos feitos pelos dentes da minha até a poucos minutos cativa. ( mais que bobagem, no fundo eu era o cativo dela, desde quando nos encontramos antes mesmo de começar a persegui-la.
Fecho os olhos e sigo meu destino sem parar sem, perder tempo, deixando os cavalos me guiarem (eles conheciam bem o caminho de seu dono).
Adentro os portões da fortaleza, existem duas pilhas de sacos, brancos e negros, a direita e a esquerda da grande fogueira. (Quando sai em minha batalha pessoal havia um saco branco dentro da carruagem, que logo identifiquei pra que serviria).
A coloco sobre a pilha branca e observo os sorrisos sórdidos dos guardas e transeuntes que ali ficavam, de uma pilha a outra.
Volto-me ao guarda que me atendeu e pergunto o porque de tais cores. Ele reluta em responder mais após uma incisiva insistência da minha parte ele responde:
“_ Trata-se dos dois lados da força, o branco está os seres das trevas, e os negros os da luz.” Ele continua:
“_ Hoje nosso lord irá vencer a batalha entre as duas forças com um pacto usando os corpos de ambos os lados. Ele precisa queimar as duas forças numa fogueira e o  corpo deles abrirão seu caminho até a tão aguardada vitoria.”

Um ódio sob humano toma meu ser e saio correndo ao encontro do maldito lord. Quando chego no segundo jogo de escadas eu paro. Sinto o cheiro dela, e ouço uma voz dizendo: “obrigada por me libertar amado!”
Viro-me pra pilha branca e me ajoelho em prantos. Escuto os passos do lord a conduzir prisioneiros (as correntes são inconfundíveis quando brincam com as pedras das escadas).
Me levanto e sinto um leve arranque...
Daí tudo se escurece, o sofrimento passa...
Nada mais que o silencio dos seus lábios que teima em acariciar os meus.
... Posso me render a você finalmente.    


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